IDE E PREGAI

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  • quinta-feira, 4 de abril de 2013

    DOAÇÃO DE ÓRGÃOS PUBLICADO NO JORNAL DA CIDADE



    DOAÇÃO DE ÓRGÃOS PARA TRANSPLANTES É PERFEITAMENTE LEGÍTIMA
    http://www.jornaldacidadeonline.com.br/listagem_artigos.aspx?cod=57

    Nas práticas médicas de todas as especialidades, o transplante de órgãos é a que demonstra com maior clareza a estreita relação entre a morte e a nova vida, o renascimento das cinzas como Fênix: o mitológico pássaro símbolo da renovação do tempo e da vida após a morte.(1) A temática "doação de órgãos e transplantes" é bastante coetâneo no cenário terreno.

    Sobre o assunto as informações instrutivas dos Benfeitores Espirituais não são abundantes. O projeto genoma, as investigações sobre células-tronco embrionárias e outras sinalizam o alcance da ciência humana.

    Os transplantes, em épocas recuadas repletas de casos de rejeição, tornaram-se práticas hodiernas de recomposição orgânica. O esmero "in-vivo" de experiências visando regeneração de células e a perspectiva de melhoria de vida caminham adiante, em que pese às pesquisas ensaiarem, ainda, as iniciantes marchas. Isso torna auspiciosa a expectativa da ciência contemporânea. Contudo, o receio do desconhecido paira no imaginário de muitos. Alguns espíritas recusam-se a autorizar, em vida, a doação de seus próprios órgãos após o desencarne , alegando que Chico Xavier não era favorável aos transplantes. Isso não é verdade! Mister esclarecer que Chico Xavier quando afirmou "a minha mediunidade, a minha vida, dediquei à minha família, aos meus amigos,ao povo. A minha morte é minha. Eu tenho este direito.

    Ninguém pode mexer em meu corpo; ele deve ir para a mãe Terra", fê-lo porque quando ainda encarnado Chico recebeu várias propostas [inoportunas] para que seu cérebro fosse estudado após sua desencarnação. Daí o compreensível receio de que seu corpo fosse profanado nesse sentido. Não podemos esquecer que se hoje somos potenciais doadores, amanhã, poderemos ser ou nossos familiares e amigos potenciais receptores. "Para a maioria das pessoas, a questão da doação é tão remota e distante quanto à morte.

    Mas para quem está esperando um órgão para transplante, ela significa a única possibilidade de vida!"(2) Joanna de Angelis sabendo dessa importância ressalta "(...) Verdadeira bênção, o transplante de órgãos concede oportunidade de prosseguimento da existência física, na condição de moratória, através da qual o Espírito continua o périplo orgânico. Afinal, a vida no corpo é meio para a plenitude - que é a vida em si mesma, estuante e real" (3)

    Em entrevista à TV Tupi em agosto de 1964, Francisco Cândido Xavier comenta que o transplante de órgãos, na opinião dos Espíritos sábios é um problema da ciência muito legítimo, muito natural e deve ser levado adiante. Os Espíritos, segundo Chico Xavier - não acreditam que o transplante de órgãos seja contrário às leis naturais. Pois é muito natural que, ao nos desvencilharmos do corpo físico, venhamos a doar os órgãos prestantes a companheiros necessitados deles, que possam utilizá-los com proveito. (4) A doação de órgãos para transplantes é perfeitamente legítima. Divaldo Franco certifica: se a misericórdia divina nos confere uma organização física sadia, é justo e válido, depois de nos havermos utilizado desse patrimônio, oferecê-lo, graças as conquistas valiosas da ciência e da tecnologia, aos que vieram em carência a fim de continuarem a jornada.(5)

    Não há, também, reflexos traumatizantes ou inibidores no corpo espiritual, em contrapartida à mutilação do corpo físico. O doador de olhos não retornará cego ao Além. Se assim fosse, que seria daqueles que têm o corpo consumido pelo fogo ou desintegrado numa explosão?(6) Quando se pode precisar que uma pessoa esteja realmente morta? Conforme a American Society of Neuroradiology morte encefálica é o estado irreversível de cessação de todo o encéfalo e funções neurais, resultante de edema e maciça destruição dos tecidos encefálicos apesar da atividade cardiopulmonar poder ser mantida por avançados sistemas de suporte vital e mecanismo e ventilação".(7)

    A grande celeuma do assunto é a morte encefálica, na vigência da qual órgãos ou partes do corpo humano são removidos para utilização imediata em enfermos deles necessitados. Estar em morte encefálica é estar em uma condição de parada definitiva e irreversível do encéfalo, incompatível com a vida e da qual ninguém jamais se recupera. (8)

    Havendo morte cerebral, verificada por exames convencionais e também apoiada em recursos de moderna tecnologia, apenas aparelhos podem manter a vida vegetativa, por vezes por tempo indeterminado. É nesse estado que se verifica a possibilidade do doador de órgãos "morrer" e só então seus órgãos podem ser aproveitados - já que órgãos sem irrigação sanguínea não servem para transplantes. Seria a eutanásia? Evidentemente que caracterizar o fato como tal carece de argumentação científica (...) para condenarem o transplante de órgãos: a eutanásia de modo algum se encaixaria nesses casos de morte encefálica comprovada. (8) A medicina, no mundo todo, tem como certeza que a morte encefálica, que inclui a morte do tronco cerebral (10) só terá constatação através de dois exames neurológicos, com intervalo de seis horas, e um complementar. Assim, quando for constatada cessação irreversível da função neural, esse paciente estará morto, para a unanimidade da literatura médica.

    Questão que também amiudemente é levantada é a rejeição do organismo após a cirurgia. Chico Xavier nos vem ao auxílio, explicando: André Luiz considera a rejeição como um problema claramente compreensível, pois o órgão do corpo espiritual está presente no receptor. O órgão perispiritual provoca os elementos da defensiva do corpo, que os recursos imunológicos em futuro próximo, naturalmente, vão suster ou coibir. (11)

    Especialistas, a partir 1967, desenvolveram várias drogas imunossupressoras (ciclosporina, azatiaprina e corticoides), para reduzir a possibilidade de rejeição, passando então os receptores de órgãos a terem uma maior sobrevida.(12) Estatisticamente, o que há é que a taxa de prolongamento de vida dos transplantes é extremamente elevada. Isso graças não só às técnicas médicas, sempre se aperfeiçoando, mas também pelos esquemas imunossupressores que se desenvolveram e se ampliaram consideravelmente, existindo atualmente esquemas que levam a zero por cento (0%) a rejeição celular aguda na fase inicial do transplante, que é quando ocorrem.(13)

    André Luiz explica que quando a célula é retirada da sua estrutura formadora, no corpo humano, indo laboratorialmente para outro ambiente energético, ela perde o comando mental que a orientava e passa, dessa forma, a individualizar-se; ao ser implantada em outro organismo [por transplante, por exemplo], tenderá a adaptar-se ao novo comando [espiritual] que a revitalizará e a seguir coordenará sua trajetória.(14) Condição essa corroborada por Joanna de Angelis quando expõe: (...) transferido o órgão para outro corpo, automaticamente o perispírito do encarnado passa a influenciá-lo, moldando-o às suas necessidades, o que exigirá do paciente beneficiado a urgente transformação moral para melhor, a fim de que o seu mapa de provações seja também modificado pela sua renovação interior, gerando novas causas desencadeadoras para a felicidade que busca e talvez ainda não mereça.(15)

    Os Espíritos afirmaram a Kardec que o desligamento do corpo físico é um processo altamente especializado e que pode demorar minutos, horas, dias, meses. (16) Embora com a morte física não haja mais qualquer vitalidade no corpo, ainda assim há casos em que o Espírito, cuja vida foi toda material, sensual, fica jungido aos despojos, pela afinidade dada por ele à matéria. (17)

    Todavia, recordemos de situação que ocorre todos os dias nas grandes cidades: a prática da necropsia, exigida por força da Lei, nos casos de morte violenta ou sem causa determinada: abre-se o cadáver, da região esternal até o baixo ventre, expondo-se-lhe as vísceras tóracoabdominais.(18) Não se pode perder de vista a questão do mérito individual. Estaria o destino dos Espíritos desencarnados à mercê da decisão dos homens em retirar-lhes os órgãos para transplante, em cremar-lhes o corpo ou em retalhar-lhes as vísceras por ocasião da necrópsia?! O bom senso e a razão gritam que isso não é possível, porquanto seria admitir a justiça do acaso e o acaso não existe!(19)

    Em síntese a doação de órgãos para transplantes não afetará o espírito do doador, exceto se acreditarmos ser injusta a Lei de Deus e estarmos no Orbe à deriva da Sua Vontade. Lembremos que nos Estatutos do Pai não há espaço para a injustiça e o transplante de órgãos (façanha da ciência humana) é valiosa oportunidade dentre tantas outras colocadas à nossa disposição para o exercício do amor.

    Jorge Hessen
    E-Mail: jorgehessen@gmail.com
    Site: http://jorgehessen.net/

    Referências bibliográficas:

    1- Mário Abbud Filho Ex-Presidente da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos. Presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São José do Rio Preto.Membro da American Society Transplant Physician. Membro da International Transplantation Society, disponível acesso em 12/04/2005
    2- In Doação de Órgãos e Transplantes de Wlademir Lisso / Cleusa M. Cardoso de Paiva, disponível acesso em 15/04/2004
    3- Franco, Divaldo Pereira. Dias Gloriosos, Ditado pelo Espírito Joanna de Angelis. Salvador/Ba: Ed. LEAL, 1999, Cf. Cap. Transplantes de Órgãos
    4- Publicada na Revista Espírita Allan Kardec, ano X, n°38
    5- Franco, Divaldo Pereira. Seara de Luz, Salvador: Editora LEAL [o livro apresenta uma série de entrevistas ocorridas com Divaldo entre 1971 e 1990.]-
    6- Simonetti, Richard. Quem tem medo da morte? - São Paulo /SP: Editora Lumini ,2001
    7- In: "Dos transplantes de Órgãos à Clonagem", de Rita Maria P.Santos, Ed. Forense, Rio/RJ, 2000, p. 41
    8- Bezerra, Evandro Noleto. Transplante de Órgãos na Visão Espírita, publicado na Revista Reformador- outubro/1998
    9- Idem
    10- O tronco cerebral, e não o coração, é reconhecido como o organizador e "comandante" de todos os processos vitais. Nele está alojada a capacidade neural para a respiração e batimentos cardíacos espontâneos; sem tronco ninguém respira por si só.
    11- Cf. Revista Espírita Allan Kardec, ano X, n°38
    12- Folha de S.Paulo, A3, "Opinião", 15.Maio.2001
    13- Entrevista com o Prof. Dr. Flávio Jota de Paula Médico da Unidade de Transplante Renal do HC/FMUSP. 1º Secretário da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Diretor da I Mini Maratona de Transplantados de Órgãos do Brasil. Publicado em Prática Hospitalar ano IV n º 24 nov-dez/2002
    14- Xavier, Francisco Cândido. Evolução em dois Mundos - Ditado pelo Espírito André Luiz. 5ª Ed. Rio de Janeiro, RJ: Ed FEB, 1972, cap. "Células e Corpo Espiritual"
    15- Franco, Divaldo Pereira. Dias Gloriosos, Ditado pelo Espírito Joana de Angelis. Salvador: Ed. LEAL, 1999
    16- Kardec, Allan,. O Livros dos Espíritos, RJ: Ed FEB/2003, questão n° 155, Cap. XI.
    17- Kühl Eurípedes DOAÇÃO DE ÓRGÃOS TRANSPLANTES Entrevista Virtual disponível acesso em 24/04/2005
    18- Cf. Bezerra, Evandro Noleto. Transplante de Órgãos na Visão Espírita, publicado na Revista Reformador- outubro/1998
    19- Bezerra, Evandro Noleto. Transplante de Órgãos na Visão Espírita, publicado na Revista Reformador- outubro/1998

    terça-feira, 2 de abril de 2013

    PRATICAR O EVANGELHO, SIM! GANHAR DINHEIRO À CUSTA DA MENSAGEM DO CRISTO, NUNCA!

    Jorge Hessen
    http://aluznamente.com.br
     
    É justo transformar um templo religioso em uma Agência Mercantil? Em uma espécie de núcleo financeiro lucrativo? Será que Deus consente tal procedimento? Foi isso o que nos ensinou Jesus?
    Viver o Evangelho, Sim! Ganhar dinheiro à custa da mensagem do Cristo, Nunca! Até porque nada é tão ilegítimo para um cristão que o exercício da mercantilagem do Evangelho. É deprimente identificarmos “religiosos” (ressalvando-se as exceções) que se postam quais “missionários” do Cristo, com evidente desprezo ao código sublime do amor ao próximo. Tais líderes distinguem-se pelo verbalismo descomedido, comentam tediosos os mais variados assuntos, inobstante não chegarem a qualquer arremate de raciocínio. Exaltam as emoções infelizes da arrogância entre os seus seguidores, cumulando-os de alusões faustosas embora vazias de sentido.
    O Cristo advertiu em vários segmentos do Evangelho sobre os “evangelizadores” oportunistas, comparando-os a "lobos em pele de cordeiros". A lógica humana é dilacerada diante da exploração da fé. Não há como emudecer perante os que se valem das redes de televisão, jornais, livros, internet e rádios para pregar o Evangelho em “nome de Deus”, deslumbrando os seguidores afirmando que a clemência do Pai somente pode ser obtida através da doação de dinheiro.
    O que assistimos presentemente são reedições das ardilosas vendas de indulgências, matriz da Reforma Protestante. Mas, se alguém surge dizendo-se “apóstolo” do Cristo, desconfiemos da sua sanidade mental, pois na realidade o que tem surgido são “mercenários” e não missionários do Mestre. Tais pregadores exaltam a ignorância com altas doses de soberba e se alardeiam guias e evangelistas. Há muitos falsos cristos e falsos profetas representados por filosofias, doutrinas, seitas e religiões mercantilistas que escravizam os homens e exploram a boa fé das pessoas que sofrem.
    Jesus, há dois mil anos repreendeu: "Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração. Porém, vós a tendes transformado em covil de ladrões".(1) Hoje, discorrem sobre as escrituras numa maníaca exaltação do Cristo, atrelam suas prédicas à moeda de troca, onde quem for mais generoso (mão aberta) e destinar maior quantia em dinheiro terá maior benefício “celestial”. Os desprevenidos seguidores nutrem-se da "fé cega" que lhes é infligida por meio de discursos abrasados e encenações de pseudo-exorcismos, onde o que de fato ocorre são catarses anímicas e/ou “incorporações” de obsessores que se deleitam diante dos patéticos e deprimentes espetáculos.
    E como se não bastasse, comercializam-se os mais singulares amuletos quais “potes com água do Rio Jordão”; “frascos de perfumes e óleos com cheiro de Jesus”; “pedras do templo onde Jesus pregou”; “caixinha contendo porção de areia pisada por Jesus”; “fragmentos de madeiras da cruz do Calvário”; “lotes, casas e mansões no céu”. É evidente que um santuário religioso não pode ser análogo à loja comercial onde se negociam mercadorias com Deus. Será que desconhecem que o templo cristão é local para meditações e cogitações sobre os desacertos e diligências para melhoria de comportamento de cada um de nós?
    O que dizer dos “evangelistas” de grandes plateias que cobram fortunas para pregar, que alimentam através da eloquência verbal a idolatria da sua personalidade? São vendilhões modernos e profissionais do Evangelho que execram trabalhar, abominam o argumento de que o Cristo convidou-nos a carregar nossas “cruzes”, granjear "o pão" com o “suor” de nosso trabalho, e que só granjearemos o “Reino dos Céus”, isto é, a paz de espírito, se fizermos ao semelhante o que desejamos a nós mesmos. Sim! "Ai de vós, condutores de cegos, pois que dizeis: Qualquer que jurar pelo templo, nada é; mas o que jurar pelo ouro do templo, ou pela oferta, este faz certo. Insensatos e cegos! Pois qual é maior: a oferta, o ouro, ou o templo de Deus?”. (2)
    A única moeda que o Criador acolhe como câmbio é o amor ao próximo. Todavia, infelizmente boa parte do legado religioso que se transfere para as atuais gerações tange à cobiça, ao encanto dos sentidos físicos, à conquista de poder a todo custo, cedendo cancha à brutalidade e à confusão. O fanatismo que vem sendo desenvolvido em torno do misticismo decrépito, investido para amealhar recursos monetários, visando patrocinar a “saúde” daqueles que mais prontamente a possam comprar a peso de ouro, tem oferecido ambiente ao materialismo e ao utilitarismo em que as pessoas deleitam-se, afastadas da misericórdia, da solidariedade, da fraternidade, ante o desafio da autêntica experiência do amor ao próximo, conforme vivido por Jesus.
    Paulo escreveu: “De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores. Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão.”.(3) Por essas muitas razões é fácil perceber que presentemente os autênticos adeptos do Evangelho ainda formam pequenino grupo muito semelhante ao período das dolorosas experiências dos três primeiros séculos de disseminação da mensagem do Cristo nos domínios de César.

    Referências:
    (1)     (Mateus, XXI; 12 e 13).
    (2)     (Mateus, XXIII; 16).
    (3)    (1 Timóteo 6:6-11)